quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Um beijo de boa noite(22-09-2005)


Tentei pôr em palavras o que sinto por ti, mas o resultado foi tão ridículo que a própria folha não aceitava a tinta, como se até o papel sentisse que não havia sentido no que eu estava a fazer. Tentei pôr em palavras o que sentia por ti pois as palavras são o meu campo e o meu domínio, é através das palavras que faço com que o mundo perceba o que eu quero que perceba. As palavras são o meu microfone e o meu palco, são o meu jogo de luzes e som; são o meu pincel e a minha tela, são os sóis de aguarela; são o meu sorriso e são abraços à distância; são o beijo de boa noite e são o beijo que seca as lágrimas de quem já não as consegue chorar.

Não percebo então porque não consigo pôr em palavras o que sinto por ti…Sei que não é amizade, a amizade não é isto; a amizade implica conhecimento, experiências em comum; a amizade pede confiança e pede confiança na amizade do outro, e se eu nem sei o que sinto por ti, isto não pode ser amizade!

Sei que não é paixão, não é amor, eu já estive apaixonada e não se aproxima, é completamente impossível algo tão inexistente ser amor, o amor é a essência derradeira da substância, é o que há além dela, o que nos une a todos e eu estou tão longe de ti que isto não pode mesmo ser amor, ou sequer algo parecido!

Esta é a carta que não acabo para não te acabar em mim, mas pensa só que não consigo pôr em palavras o que sinto por ti e que elas são o meu beijo de boa noite.

Boa noite…

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